Azul

Após uma conversa com alguns cães que dormiam na beirada de um passeio, a tritão resolvia buscar algo que pudesse saciar sua fome. Agora podia dar uma boa olhada na paisagem de Baterilla. O lugar era paradisíaco, uma praia enorme cortava boa parte da Ilha e o cheiro de mar era inevitável, o suficiente para abafar o odor de peixe que alguém da espécie de Hoshioka pudesse exalar.

A ilha parecia calma e quieta demais, Hoshioka tinha aportado numa região nobre e as ruas eram quase desertas, podia ver alguns olhares curiosos nas janelas, mas nada além disso, nos passeios e estrada conseguia perceber certa falta de cuidado para com a cidade, como se um furacão tivesse passado por ali, sinais de que uma grande comemoração havia ocorrido no dia anterior e era provável que boa parte dessas pessoas estivessem dormindo agora.

A busca por alimento não era tão simples, boa parte da cidade estava completamente fechada e Hoshioka precisaria se aventurar mais afundo em Baterilla para encontrar alguma forma de se alimentar. Sendo um ser com pouco conhecimento sobre a Geografia daquela ilha, a melhor opção era continuar a beira-mar, dessa forma ao menos teria certeza de não se perder.

Distante no Horizonte conseguia ver o Quartel General tipicamente da Marinha ao menos o que deveria ser, seus olhos focavam em um sujeito solitário que hasteava a bandeira, puxando sua corda para baixo, como se aguardasse que aquele símbolo desse bom dia para o povo de Baterilla, porém, algo surpreendente era visto, quando ele finalizava o trabalho, o tecido que dançava com o vento não era da Marinha, se tratava de um dragão em cores vermelhas e as iniciais R e A abaixo de suas asas. Podia não ser um restaurante, mas quem sabe aquele sujeito pudesse lhe indicar onde comer.

Rainbow

A marinheira encontrava uma cidade quieta, perto do porto se enfiava pelas ruas de Baterilla sem ter um caminho muito especifico a sua frente, eram poucas as horas em que o dia tinha surgido, mas já conseguia ver alguns traços de uma festa pelas ruas, garrafas de bebidas, sacos de comida, parecia um povo bem agitado, porém, não agora. Caminhando rente ao mar, a jovem conseguia se vislumbrar com a beleza da praia de Baterilla, um lugar extremamente belo.

Aos poucos algumas pessoas saíam de suas casas, com suas peles bronzeadas, por mais que Remashita não tivesse interesse em chamar atenção, seus cabelos faziam isso naturalmente, acabando por atrair alguns olhares, de jovens que achavam um visual belo e senhoras que estranhavam as cores chamativas. Algumas barracas começavam a serem abertas próximas da Marinheira que logo poderia escolher entre diversos frutos para comer. E claro, conseguiria ouvir algumas fofocas que navegavam entre aqueles moradores, sendo a mais interessante, esta:

- Fiquei sabendo que vão derrubar a estátua do Almirante, eles tem certeza disso? Quer dizer, o futuro dessa ilha está tão incerto... Já não sei o que mais devo pensar sobre isso. O que acha, Diego? - Dizia uma senhora de aparência simples com o filho que parecia ter pouco mais da idade da marinheira. - Eu não sei Mama... Mas você sabe que eu vou ajudar o Ramon! -

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Após divagar sobre a sujeira em Baterilla, Hoshioka via algo que a chamava atenção e não hesitava em se aproximar, talvez em seu pouco tempo na superficie ainda não tivesse passado pela experiência desagradavel que segregava sua raça dos outros... Geralmente diante de algum ser de aparência incomum, as pessoas tinham três atitudes... Fugirem com medo, se tornarem agressivas ou compreender aquela criatura diferente.

O sujeito estava de costas quando Hoshioka se aproximava e conseguia apenas ouvir aquela voz, doce e bela, falando com ele.. - Olha moça... Tem um - Suas palavras cessavam a partir do momento que se virava. Entrava em estado de confusão, não tinha medo em seu olhar, existia curiosidade... O que era aquela coisa na sua frente? Era normal algo assim? Aos poucos deu passos lentos para trás como se sentisse uma intimidação daquela figura, mas ainda continuava firme e em silêncio, respondendo nenhuma das dúvidas da criatura a sua frente, como se as palavras fugissem, desaprendesse o próprio idioma e sua cabeça estivesse tentando compreender aquilo. Podia ser uma das fantasias mais bem trabalhadas que viu em toda a sua vida, naquela ilha festiva não era incomum ver pessoas com maquiagens extravagantes, roupas repletas de plumas, mas aquilo a sua frente era real demais e amedrontador apenas por existir.

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A jovem marinheiro se aproximava da mãe e seu filho cheia de curiosidade sobre a informação que estavam conversando. Os dois a observavam dos pés a cabeça, era evidente que a moça não era habitante dali, sua pele clara pouco bronzeada pelo sol forte que atingia Baterilla. Era certamente uma pessoa misteriosa para a mãe que parecia com receio de responder às dúvidas da Remashita. Por outro lado, o filho pouco parecia se importar, na verdade demonstrava até certo interesse ao perceber a beleza da jovem, o exótico sempre chamava a atenção, não era diferente em Baterilla.

- Opa, tudo bem, e você? Você não é daqui, né? Me chamo Diego. - Dizia o rapaz sendo extremamente solicito à jovem, a mãe resmungava alguma coisa inaudível pelos dois e andava mais para o lado afim de continuar organizando suas coisas.

- Ramon é o grande líder de Baterilla! Ele tomou o Quartel General da Marinha! Os revolucionários- - Falava com animosidade. - Diego! - Repreendia a mãe pela informação.

O rapaz ignorava sua mãe e continuava dando sua atenção para a jovem à sua frente, completando: - Estão dizendo que pretendem derrubar a estátua do Almirante Goo B. Eu acho bem feito, só por que ele cresceu aqui não significa que ele mereça uma estátua.

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Hoshioka acreditava que sua aparência fosse a razão para o congelar daquele pobre homem, bem, de fato era, mas por motivos diferentes, a Tritão avançava na direção do homem para tentar abraça-lo, mas feito um coelho congelado olhando uma raposa bem a sua frente, uma hora ele reagiria. Ao ver a criatura avançando em sua direção, o revolucionário apenas fez como o pobre coelho e correu. Sua vida dependia daquilo, o homem gostaria de ver sua filha uma outra vez, sua esposa, não morrer nas mãos de um monstro medonho.

- AaaaAaahhh!! UM MONSTROO!!!! ELES MANDARAM UM MONSTRO!!!! - Gritou alucinado se enfiando para dentro do Quartel General e alertando todos os outros poucos que estavam organizando as coisas ali. Hoshioka não sabia, mas a pouco tempo esses homens viam um confronto sangrento em marinha e revolucionários acontecer, a sensação de perigo era iminente em seus corações.

Por sorte, nem todos aqueles na revolução eram tão covardes como aquele sujeito, aparecendo um homem com uma arma de longo alcance em mãos, que logo apontava para Hoshioka. - Se identifique criatura! - A tritão conseguia ouvir de fundo uma outra voz gritando. - Tá esperando o que!? Mata esse treco! -

O sujeito armado respondia. - Ela pode ser como o Roatta! -

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O rapaz parecia empolgado ao falar sobre o exercito, o suficiente para que a mãe chamasse sua atenção para voltar à ajudá-la com as coisas, mas claro que Diego enrolava mais um pouco com a presença daquela estrangeira em sua ilha. - Eu não sei se o exercito teve muitas baixas, alguns dizem que sim, as fofocas correm sabe? Disseram que o Ramon derrotou a maioria dos marinheiros sozinho, os que sobraram vivos provavelmente estão presos no quartel general.

Kyo expressava sua preocupação sobre, e Diego continuava. - É... A marinha deve mandar alguém, por isso eles vão precisar de mais recrutas. Só deve demorar um pouco, falaram que nenhum marinheiro conseguiu fugir da ilha, então sabe se lá quando a marinha vai descobrir o que aconteceu hiahia, se derrubarem mesmo a estátua do Goo B, tenho certeza que isso espalhará por todo o mundo.

- Diego, vá buscar mais caixas em casa. Aproveite e leve sua nova amiga para dar uma volta. - Desistia de tentar fazer o rapaz ajudar ali, e lhe entregava outra tarefa.

Diego começava a caminhar chamando, a agora apresentada Sei Sei. Apesar de ser um belo rapaz, Diego não parecia ter intenção alguma além de discursar toda sua admiração sobre a revolução. E dizia com um sorriso gentil e despretencioso. - É um Prazer Sei Sei, gostaria de ir junto? Álias.. Me diga, o que veio fazer em Baterilla? Passar férias?