O golpe havia sido poderoso demais e Arthur sabia muito bem que provavelmente estaria em um estado bem pior caso Akali não tivesse amortecido a sua queda. Seu corpo havia atingido a agente com tamanha força que, ao cair, ela praticamente desmaiava, ficando fora de combate após bater a cabeça no chão. Não demorava para Arthur perceber que aquela era uma batalha que não poderia vencer e que deveria sair dali para ter a chance de lutar quando estivesse mais forte.

Tentava se levantar, mas seu corpo fraquejou. Havia tomado dano demais de uma só vez e era fácil perceber que os ferimentos não o deixariam agir com tanta facilidade. Esse tempo que demorava para agir era o suficiente para ver a criatura correndo na direção em que estava Marília, claramente tendo identificado Otto como a maior ameaça ali.

Os dois nativos da ilha da tecnologia estavam muito focados em seu reencontro e demoraram para perceber o que acontecia. Aquela altura, Arthur havia acabado de conseguir se erguer, ainda precisando recobrar suas forças para carregar Akali. Era quando focava sua atenção na garota que via o delicioso sangue escorrer da parte de trás de sua cabeça, que havia batido no chão.

- Marília, cuidado! - Otto empurrava a garota para o lado em um movimento repentino demais para que ela evitasse e era atingido em cheio por mais um soco da criatura, sendo arremessado a vários metros de distância. A garota caía no chão, mas logo se recobrava vendo o que o monstro fez com seu amigo. Impulsivamente, ela fincava as duas adagas em sua perna enquanto se levantava do chão, apenas para ver que ele não dava mais que um grunhido.

Arthur já havia vencido seus instintos e estava no ar com Akali. Chegava bem a tempo de pegar Marília, a tempo de salvá-la de um chute que causaria danos muito sérios - Você… - Ela parecia confusa, apesar de não parecer ter dúvidas da identidade de Arthur. O monstro parecia apenas ignorar aquilo, voltando a olhar na direção em que Otto havia sido arremessado. Apenas quando notava que vocês começavam a se afastar, é que Marília reagia - Não podemos… Otto! - Sem ver sinais de volta, ela energizou as duas adagas - Me solta! - No momento seguinte, você sentiu as duas lâminas furarem o braço que usava para segurar a garota.

De alguma forma, um choque bem forte parecia sair dali, forte o suficiente para fazer com que você de fato soltasse a garota. Ela começava a cair enquanto o sangue pingava de sua perna. Você voltava a sentir o cheiro adocicado do sangue que derramava da cabeça de Akali em doces gotículas… Por mais que tentasse olhar que fim teria Marília que caía de uma boa altura, não conseguia. Apenas voava seguindo em frente, sentindo aquele cheiro adocicado, sentindo seu corpo mudar mais uma vez… Com espinhos e uma pele totalmente áspera.

…

Seus olhos demoraram para abrir, a luz do sol brilhava forte demais, fazendo com que você se sentisse muito mais fraco do que foi um dia. Se não fossem pelas feridas ainda doloridas em seu corpo, você poderia jurar que tudo o que se lembrava da noite anterior não passava de um sonho. Enquanto se se sentava no chão, escorando-se em uma árvore em meio aquela clareira na floresta, olhava para o lado e encontrava um corpo totalmente seco do que parecia ter sido um idoso com idade muito avançada.

- Fique onde está! - A sua frente, entretanto, estava um rosto mais conhecido. Akali estava a sua frente, apontando uma de suas Kamas em sua direção. Não parecia a mesma agente em treinamento que seguiu suas ordens na noite anterior. Na verdade, mais se assemelhava a uma inimiga, ou a um cão acuado, rosnando contra um agressor. Fato é que a garota parecia pronta para matar.

Controle:

Danos:

Akali apertava o cabo da kama e cerrava os olhos, era quase como se o seu corpo lutasse para não baixar a guarda, mesmo após verificar que seu superior havia voltado a agir como uma pessoa normal. Quando aquele esforço finalmente dava certo, a máscara que tampava metade de seu rosto também caía, estava bem danificada. Olhando agora, Erik podia ver seus ferimentos, haviam muitos deles que com certeza o agente não havia reparado na noite anterior, alguns deles pareciam bem grandes. O mais perturbador, no entanto, eram as olheiras, tão profundas que podia-se deduzir que ela havia ficado em guarda durante toda a noite sem conseguir dar as costas para o inimigo… Para Arthur.

- Superior? Eu nem sei quem você é… Ainda mais depois que virou aquele mons… Tsc - Ela afirmava, parecendo com raiva. A dor a impedia de continuar naquele ritmo - Eu apaguei depois de levar uma pancada na cabeça. Depois disso, a próxima coisa que me lembro é de acordar com você… Com aquela coisa que você vira, em cima de mim. Parecia que ia me morder. Eu dei um jeito de me soltar e tentei lutar, mas já estava ferida e acho que mesmo se não estivesse… Era forte demais… - Ela dizia parecendo descontente consigo mesma enquanto olhava para a ferida mais profunda, em seu abdômen.

- Sabe onde estamos? Aqui é o Bosque dos Cem Acres, quase como uma reserva animal que tem nessa ilha. De noite alguns caçadores entram pra tentar caçar ilegalmente, era o caso desse idiota que apareceu aí. Acho que ele parecia uma presa muito mais fácil pra você. O mais estranho é que ele não era tão velho quando apareceu… Eu tava ferida demais pra fugir ou pra continuar lutando, dei sorte que depois de chupar ele você simplesmente adormeceu e deixou de ser aquele monstro. Mesmo assim não consegui dormir, fiquei a noite toda vigiando… - Ela parecia estar quase sem energia ao final da sua história.

- Não faço ideia do que aconteceu com a Marília ou com o Frederik… - Ela finalizou, parecendo se sentir bastante frustrada com tudo aquilo - Agora que já contei o que quer ouvir… Quem é você? - Ela colocava um pouco de raiva na voz, mas estava fraca demais para que aquilo parecesse uma exigência ou uma ameaça. Erik podia deduzir que ela havia feito o possível para tratar os machucados, mas suas habilidades de primeiros socorros não eram tão boas.

Controle:

Danos: